1966 Le Mans – Ford GT-40 mk II
A cada ano, em Junho, alguns dos melhores fabricantes de automóveis viajavam até uma cidade a oeste da França para competirem em uma prova de resistência com 24 Horas de duração. A tradicional prova começou em 1923 e desde então tornou-se o ápice das corridas de automóveis, um desafio de velocidade, performance e durabilidade. Um seleto grupo de marcas européias se destacavam, entre elas Alfa Romeo, Bugatti, Jaguar, Aston Martin, Ferrari entre outras.
A prova de 24 Horas de Le Mans agregava a marca vencedora grande prestígio, e por esta razão despertou o interesse da Ford (EUA) a juntar-se a este grupo. No início dos anos 60 a Ford tentou comprar a Ferrari, seria uma maneira mais rápida de desenvolver um carro para correr e vencer em Le Mans, pois faria uso de toda a tecnologia e experiência daquela marca, entretanto as negociações para a compra da Ferrari fracassaram e Enzo Ferrari não deu explicações do porque havia decidido não mais vender a sua compania. Com ou sem a Ferrari a Ford daria continuidade a seu o projeto de construir um carro para vencer em Le Mans, mas agora com mais um objetivo … derrotar os carros da Ferrari.
O inglês Roy Lunn que participou em 1962 do projeto do carro conceito Mustang I, juntou-se a Ray Geddes e Donald Frey para darem início ao programa de corridas. O carro que a Ford concebera era similar ao Lola mk IV GT, projetado e construído por Eric Broadley. O modelo (Mk I) havia herdado a secção do monobloco central e o desenho aerodinâmico do Lola mk IV GT, era mais longo, mais largo, mais robusto e com um motor central traseiro V8 de 4.2 litros. Apresentado ao público no New York Auto Show de 1964, duas semanas mais tarde já estava em Le Mans para uma corrida pré teste, mas o curto período do seu desenvolvimento resultou em um carro com problemas de estabilidade e dois acidentes.
Agora já como Ford GT-40, GT de Grand Turismo e 40 uma referência a altura total do carro, apenas 40 polegadas. Para 1965, o Mk II ainda construído na Inglaterra e com alterações na suspensão foi testado exaustivamente e resolveu grande parte dos problemas de estabilidade. Carroll Shelby foi trazido para supervisionar o programa, ele começou instalando um motor V8 de 7 litros, maior, mais potente e mais confiável. O resultado foi um carro muito mais estável e rápido em relação ao Mk I. Em Le Mans de 1965 o Mk II embora sem sucesso mostrou que seria um forte candidato para a próxima temporada.
Para 1966 o Ford GT-40, ainda como o Mk II, dava continuidade a um trabalho de aprimoramento com o objetivo de vencer em Le Mans. O carro era composto por monobloco central e agregado traseiro aonde eram montados basicamente a suspensão e o motor central V8 de 7 litros que era alimentado por um carburador Holley de 780 CFM. Com 480 bhp de potência e um assombroso torque de 644 Nm ele obtinha uma velocidade máxima de 346 km/h, o carro media 4.140 mm de comprimento, 1.1778 mm de largura e 1.029 mm de altura (40″), ele pesava 1.046 kilos (0,46 bhp / kg).
Todo o empenho e dedicação (e muitos dólares) da Ford finalmente deram resultado, em uma incontestável vitória, os três primeiros lugares eram da Ford, # 2 (Bruce McLaren NZ, Chris Amon NZ), # 1 (Ken Miles UK, Denis Hulme NZ) e # 5 (Ronnie Bucknum USA, Richard ‘Dick’ Hutcherson USA). Essa espetacular vitória marcou o início de quatro anos consecutivos de domínio desta prova … a Ford havia alcançado o seu objetivo.
Uma curiosidade … em princípio a regra na época que regia a prova das 24H de Le Mans era fácil de entender, o vencedor era o carro que percorria a maior distância durante o tempo de 24 horas. Esta regra poder ser considerada simples e óbvia, mas para Ken Miles foi o desgosto da sua vida.
Eu explico … todo ano as 24 Horas de Le Mans, as 24 Horas de Daytona e as 12 Horas de Sebring formavam por assim dizer a Tríplice Coroa do automobilismo esportivo da categoria, e Ken Miles figuraria nos anais do automobilismo esportivo como até então o único e primeiro piloto a vencer estas importantes competições no mesmo ano.
Em 1966 Ken Miles chegou em primeiro em Sebring e foi proclamado o vencedor, chegou em primeiro em Daytona e foi proclamado vencedor, também em Le Mans ele chegou em primeiro lugar … mas o carro proclamado vencedor foi aquele que chegou em segundo lugar.
Um erro matemático ? Uma piada de mal gosto ? Uma trapalhada da organização ? Nada disso, simplesmente uma falha provocada na intenção de se obter uma boa foto dos ganhadores.
Como dito anteriormente a vitória dos Ford GT-40 em Le Mans de 1966 foi incontestável, ocupando os três primeiros lugares. Próximo ao fim da prova, com o objetivo de se conseguir uma espetacular imagem com os três carros juntos cruzando a linha final, a Ford ordenou ao carro que vinha em primeiro #1 para diminuir o ritmo para que o segundo carro o #2 e o terceiro #5 se aproximassem para juntos cruzarem, a linha final de uma forma apoteótica.
Os três GT-40 haviam percorrido o mesmo número de voltas, 359, ou dito de outra forma 4.843 km. Acontece que o carro #2 havia largado alguns metros atrás do carro #1. Aquela distância era maior que a distância que separou seu carro do #1 na linha de chegada, portando o segundo classificado havia percorrido aqueles metros a mais durante a prova, e seguindo o regulamento era o #2 o carro vencedor.
Ken Miles teve pouco tempo para amargurar aquela enorme decepção. Dois meses mais tarde ele perderia a vida em um acidente no circuito de Riverside (California) durante os testes da nova versão do Ford GT-40 que se denominaria Mk IV.
As miniaturas fabricadas pela Exoto na escala 1:18 fazem parte de um conjunto com os três modelos chamado Aficionado Deluxe Gift Set feito em edição limitada de sugestivas 1966 peças. Os modelos tem tudo que se espera da Exoto, acabamento primoroso e perfeição nos detalhes. Na minha opinião o Ford GT-40 Mk II é um dos mais bonitos carros de corrida feitos até hoje, tinha muita propriedade em seu desenho e incorporava inúmeras inovações entre elas a porta que adentrava o teto do carro para facilitar e diminuir o tempo para a entrada do piloto no carro quando da largada. Naquela época os pilotos ficavam de um lado da pista e os carros do lado oposto, dada a largada eles tinham que atravessavam a pista correndo, entravam nos carros davam a partida e saiam iniciando a corrida, acho isso muito bacana, uma pena ter acabado.
Por Marcelo Baiamonte – (P) Junho – 2010.
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